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domingo, 4 de março de 2012


Quando os meus olhos se fecham, quando as luzes se apagam, quando eu adormeço dão-se as pancadas de Molière, abrem-se as cortinas, acendem-se os holofotes, ouvem-se as palmas e eu sou a personagem principal da história dos meus sonhos. As figuras puxadas por cordas como marionetas. Confundido no cenário, envolvido em palmas, represento tudo aquilo que sempre sonhei ser. Antes só não queria acordar, não queria voltar ao mundo real, onde tudo era cinzento, onde todos os pássaros tinham voado para longe, onde todas as abelhas tinham deixado de fazer mel, onde a música já não fazia sentido, onde a voz não se ouvia, onde a maré não subia, e o sol já não brilhava. Todos os dias tinha esse sonho, de que a minha vida era perfeita, que tinha encontrado a pessoa perfeita, que tinha visto o céu mais azul de todos, e que tinha beijado a felicidade com os meus lábios frágeis. Até que tu me disseste que eu estava a viver o meu sonho, e que sempre que fechava os olhos era só um pesadelo.