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domingo, 9 de fevereiro de 2014

Para ti.



Todos os sonhos que tenho contigo são romances que o meu coração escreve enquanto a minha cabeça dorme, encostada. A respiração leve, porque em todos os sonhos basta seres tu, todo tu. Como eu amo todos os recantos do teu corpo. Deste o fio de cabelo preto, até ao dedo do pé. Aquele que nunca quis olhar. Nunca gostei de pés. Mas gostei de ti. Gosto de ti. Amo-te mais a cada dia que passa. É estúpido. Porque tu és estúpido. Cabeça tonta a minha que só pensa no que te podia ter dado mais. Quando nada mais havia para dar. Tinha dado tudo, foi esse o problema. Gostavas sempre de ter mais, coisas novas. E eu dei tudo o que tinha. Esgotei. Passei do prazo, para ti. Não sei se será só isso. Mas terá sido. Em quantas vezes me vejo perdido. Completamente sozinho sem saber com quem conversar. Eras tu, que sempre fazias falta aqui. Até ao dia, que deixaste de fazer. Mas fazes na mesma. És teimoso. E eu confuso.
Fazes-me falta.
Não te quero mais aqui. Volta.
Eu não devia dizer-te nada, devia ficar calado.
Mas só quero falar contigo.
Não vou falar contigo.
«Baixinho com barba» chamavas.
«Gordo» respondia. Não eras, mas achavas.
Eras otimo. Ainda és.
És horrivel
Desaparece, porque
Fazes-me falta.
Por ti até tenho conversas comigo próprio. E escrevo-as, como vês. Pareço poeta. A escrever um romance, o primeiro. Ridículo. Pensa no que me fazes. Mete a mão na consciência e diz-me que nada valeu a pena. Davamo-nos tão bem. Podias amar ''tanto'' ou só um bocadinho. Íamos ser feliz. Ai se íamos. Mas não vamos. Talvez, um dia, eu acredito que vais sentir saudades minhas, e das vezes em que me fazias cócegas até chorar. Otário. Vais querer isso de volta tanto quanto eu quero agora, e vou querer sempre. Sempre disse que não gostava de me sentir preso, tinha pavôr. E tu até isso fizeste. Prendeste-me a ti, agora não consigo sair. Não quero esquecer-te, nem esperar-te. Não quero nada.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Uma Carta



Sentado. Meio vivo, meio morto. Coço o nariz e humedeço os lábios. Sentado na cadeira, em frente deste papel que tens nas mãos. Cadeira de computador, daquelas pretas, deves conhecer. Pego na caneta e faço dela minha mensageira, encosta no papel com o peso das saudades que sinto tuas. Já não como. Já não durmo. Já não tenho vontade, aqui. Sem ti. Hoje esperei-te mais uma vez sentado no cadeirão da sala, aquele que a minha mãe trouxe da Tailândia. Fiquei lá, à espera que entrasses pela porta de trás com um monte de histórias para me contar. Foi mais um fracasso, de muitos outros anteriores. Espero todos os dias, nem que seja uma carta. Senta-te, sei que não gostas de escrever e não tens jeito com as palavras. És tão irritante nesse aspecto, que obstinação pá. Mas só quero saber que estás bem. Manda-me um ponto, mas não final, não quero que acabe. Só quero que voltes, logo, o mais depressa que puderes. Claro, se puderes. Gostava que pudesses. Para virmos brincar com os meus primos para o salão de jogos. Para irmos ao cinema e reclamar do barulho das pipocas a estalar na boca das pessoas. Vamos reclamar! Anda, tenho saudades de me dizer para deixar de ser preguiçoso e começar a lavar a loiça. Nunca lavava, e vou continuar sem lavar. Mas quero que puxes por mim, que eu já não posso mais. Mas a sério, vem. Eu preciso. Vá, agora vou fumar um cigarro e deitar-me. Estou cansado. Estou meio vivo meio morto. Diz-me qualquer coisa. Ou volta. Sim. Volta. Com amor.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

ai



Uma bomba, um furacão, um dinamite com o paviu de rastilho curto, demasiado curto. Artista? Talvez, consigo criar coisas que ninguém imagina, nem mesmo eu próprio. Suspiros, momentos em que penso e repenso nas possibilidades de haver mais que isto, e haver um além onde se possa ir e triunfar. Ser realmente completo é algo que ambiciono e com vontade de ser perfeito vou conseguir. Talvez imaturidade minha pensar que a perfeição é alcançável, palavras de um menino mimado que cresceu às custas de outrém. Tudo isto na verdade não é bem o que penso de mim. O pensamento que temos de nós próprios é sempre algo tão contraditório àquilo que demonstramos, é o simples paradoxo de ter que viver em sociedade. Agradar a sociedade sempre. Valho pouco, essa é a verdade. Por mais que me digam «vales mais do que pensas.» é algo em que eu não consigo acreditar. Há razões que a própria razão desconhece, e eu próprio não conheço as razões das minhas acções, portanto. Voltando ao início de tudo, simplesmente sou um furacão, e talvez uma bomba. Onde eu passo fica um rasto de destroços causados à pala das minhas luxurias e desejos, tudo culpa minha. Depois, no fim quando acordo e penso ''afinal não é isto'' eu expludo e tudo à minha volta se transforma em cinza. Simplesmente sou inconstante, sempre fui. Como diz um amigo meu que é sábio em relação a estes assuntos da mente, ele diz que eu criei o meu mundinho, onde eu idealizo tudo e controlo e faço com que o azul se torne verde e as árvores sejam pássaros. Simplesmente controlo, e isso é-me suficiente, e depois tento transportar esse controlo e esse mundo para a realidade e quando as coisas não correm como eu idealizei simplesmente rebento e faço com que tudo o que alcançara até então se torne apenas em meras memórias desperdiçadas por um tosco com distúrbios de personalidade. E pronto este texto está a demonstrar o quão confuso eu estou, porque tanto o tipo de escrita como os assuntos oscilam de período para período. Interessante ver o que a minha mente consegue fazer em tão pouco tempo, quantas pessoas consigo ser enquanto escrevo isto? Quantas posições posso tomar consoante a situação em que me encontro, ou o desafio de que se trata? Porque não ser tudo? Porque não simplesmente largar o limite e ir mais além, pelo menos em nós próprios. Quem mais nos vai conhecer tão bem como nós? Ninguém, eu quero conhecer todas as personalidades que tenho em mim, e quero escolher uma, mas não definitiva, quero escolher uma dependendo da situação, assim consigo tudo. Viver neste mundo de ilusão concerteza não será a melhor maneira de encarar a vida, mas visto que a realidade é demasiado dura tenho que me agarrar a algo que me faça abrir os olhos todas as manhãs. Uma pessoa não é, porque ninguém vai conseguir aturar-me muito tempo, por isso tenho-me a mim, e ao meu mundo, talvez solitário mas ao menos longe das bocas cheias e mentes vazias. Humanidade? Não vejo por aí. Vou ser como todos vocês, egoísta e imaturo a vida toda, mas à minha maneira, e vou continuar a explodir por todos os lados, quem me amar de verdade vai ficar comigo. Agora cansei de ser profundo por isso vou atirar-me ao mundo real e fazer algo por mim. Vemo-nos depois.

domingo, 29 de julho de 2012

Mãe.


Saudades? Como é que há pessoas capazes de dizerem que têm saudades de um amigo que foi uma semana de férias? Como é que são capazes de dizer que não aguentam uma semana ou um dia longe de alguém? Já imaginaste o que é ter saudades de alguém que sabes que nunca mais vais voltar a ver? Pois foi o que me aconteceu. Ainda lembro a sua respiração sôfrega no meu ouvido, as palavras doces que me dizia de mão dada à minha, das canções que me cantava quando eu queria adormecer. Lembro das trocas de olhares, do carinho, do amor que só alguém importante pode dar. Lembro-me de quando me disse que eu nunca ia ficar sozinho, quando prometeu que estaria sempre do meu lado para me ver vencer, perder, triunfar ou fraquejar, quando disse que não deixaria que eu caísse, que me levantaria em todas as vezes que tropeçasse. Injustiça, a vida é injusta comigo, com ela, connosco. Vocês sabem que quando acordarem amanhã ela vai estar a trabalhar, ou a preparar o almoço, e são capazes de passar por ela sem sequer lhe dar um beijo de bom dia antes de irem lavar os dentes, são incapazes de dizer o quanto a amam e o quanto ela é importante enquanto está perto. E se um dia a vossa mãe partir como a minha partiu? E se um dia quiserem contar que tiveram um 18 a Português e ela não estiver lá para ouvir? Quando ela não puder mais fazer o vosso lanche e aquele bolo que vocês adoram e que só ela sabe fazer? Quando faltar a voz dela na musica do vosso aniversário, quando faltar as mãos dela para bater palmas quando apagarem as velas? Mil e uma perguntas que tenho, e que sei a resposta. Eu não queria que ela partisse e me deixasse sozinho aqui, se soubesse teria ficado num sitio onde não pensasse, onde não sofresse, onde não existisse. Cansei-me de mim sem a ajuda dela, cansei-me do que aprendi a ser, cansei-me do que me tornei. Não tenho ninguém para me orientar, estou perdido, não tenho a voz dela para me ralhar quando chove, eu simplesmente queria que ela ainda estivesse aqui para me dizer que a vida é difícil mas que eu sou forte e vou conseguir. Sem ela é tudo preto e branco, e mesmo sentindo que ela está no meu coração, choro sempre que me lembro no dia em que me despedi dela, no dia em que apertei a sua mão com força, mas eu jurei que ia lutar, sem ela não sei se sou capaz, mas faço-o por ela. Mãe, tenho saudades tuas. [História Fictícia]