domingo, 29 de julho de 2012
Mãe.
Saudades? Como é que há pessoas capazes de dizerem que têm saudades de um amigo que foi uma semana de férias? Como é que são capazes de dizer que não aguentam uma semana ou um dia longe de alguém? Já imaginaste o que é ter saudades de alguém que sabes que nunca mais vais voltar a ver? Pois foi o que me aconteceu. Ainda lembro a sua respiração sôfrega no meu ouvido, as palavras doces que me dizia de mão dada à minha, das canções que me cantava quando eu queria adormecer. Lembro das trocas de olhares, do carinho, do amor que só alguém importante pode dar. Lembro-me de quando me disse que eu nunca ia ficar sozinho, quando prometeu que estaria sempre do meu lado para me ver vencer, perder, triunfar ou fraquejar, quando disse que não deixaria que eu caísse, que me levantaria em todas as vezes que tropeçasse. Injustiça, a vida é injusta comigo, com ela, connosco. Vocês sabem que quando acordarem amanhã ela vai estar a trabalhar, ou a preparar o almoço, e são capazes de passar por ela sem sequer lhe dar um beijo de bom dia antes de irem lavar os dentes, são incapazes de dizer o quanto a amam e o quanto ela é importante enquanto está perto. E se um dia a vossa mãe partir como a minha partiu? E se um dia quiserem contar que tiveram um 18 a Português e ela não estiver lá para ouvir? Quando ela não puder mais fazer o vosso lanche e aquele bolo que vocês adoram e que só ela sabe fazer? Quando faltar a voz dela na musica do vosso aniversário, quando faltar as mãos dela para bater palmas quando apagarem as velas? Mil e uma perguntas que tenho, e que sei a resposta. Eu não queria que ela partisse e me deixasse sozinho aqui, se soubesse teria ficado num sitio onde não pensasse, onde não sofresse, onde não existisse. Cansei-me de mim sem a ajuda dela, cansei-me do que aprendi a ser, cansei-me do que me tornei. Não tenho ninguém para me orientar, estou perdido, não tenho a voz dela para me ralhar quando chove, eu simplesmente queria que ela ainda estivesse aqui para me dizer que a vida é difícil mas que eu sou forte e vou conseguir. Sem ela é tudo preto e branco, e mesmo sentindo que ela está no meu coração, choro sempre que me lembro no dia em que me despedi dela, no dia em que apertei a sua mão com força, mas eu jurei que ia lutar, sem ela não sei se sou capaz, mas faço-o por ela. Mãe, tenho saudades tuas. [História Fictícia]
